Há um número incontável ou irrelevante de anos lembro de discutir não lembro com quem que a ideia de que temos algum controle sobre a nossa vida é apenas uma ilusão, necessária principalmente para aqueles que precisam de uma certa segurança em cada passo que dão. Mas não passa de uma ilusão.
A gente vive e decide apenas uma parte da nossa própria vida. Existem decisões sobre nossas vidas que não são tomadas por nós e sobre as quais jamais ficaremos sabendo.
(O spotify acaba de escolher “There, there” do Radiohead pra tocar enquanto escrevo isso. Just ‘cos you feel it, doesn’t men it’s there”… muito adequado)
E existem partes das nossas vidas que são vividas totalmente por outras pessoas, sem que nem sequer imaginemos, e que talvez nem tenhamos direito de imaginar.
São as preocupações dos nossos pais, as aspirações de nossos filhos, são as decisões dos nossos chefes, a antipatia de vizinhos, as cagadas dos governos , as paixões e amores de pessoas que talvez nunca cheguem a falar conosco. Tudo totalmente fora do nosso controle.
Apavorante para control freaks em geral, pra mim é exatamente nesse caos fora de controle que mora a beleza da coisa. É onde as histórias ficam complexas. É onde nossos medos e ressalvas não conseguem atingir e onde a nossa vida tem a chance de fluir quando mais estamos nos esforçando para não sair do lugar.
Fico imaginando o quão totalmente espetacular seria poder ver todo o panorama daquilo que acontece e nos envolve sem que jamais imaginemos. Coisas que morreremos sem saber e que podem ter sido, sem nenhum aviso, as coisas mais emocionantes da nossas vidas.