Fluxo de Consciência

“Na literatura, fluxo de consciência é uma técnica literária, usada primeiramente por Édouard Dujardin em 1888, em que se procura transcrever o complexo processo de pensamento de um personagem, com o raciocínio lógico entremeado com impressões pessoais momentâneas e exibindo os processos de associação de ideias.”

Mas não existe fluxo de consciência quando a consciência em si é de alguém que não conseguimos reconhecer, seja como um personagem ou a como nós mesmos. Se vê interrompido e inconsertável até que a fonte seja restabelecida.

E daí acontece uma frustração inicialmente difícil de compreender. Pois ela parece causa e não consequência. Não ser capaz de escrever, inicialmente, vai se apresentar como a causa de uma frustração. Como um bloqueio que nos puxa pra baixo e nos faz sentir menos capazes. Mas não tem porra nenhuma a ver com isso. Ou pelo menos não nesse vetor.

Não conseguir escrever é um sintoma, uma consequência de se ter deixado pra trás. De ter se esquecido de si e não ter ideia de onde diabos enfiou sua personalidade. Só não sabe onde ela está. Pois não está ali contigo. E é bem desesperador.

Mais desesperador é aceitar que isso aconteceu e que, pra mudar, tudo tem que mudar. E nem sempre a gente quer mudar tudo. Mas quando se olha com atenção para as consequências – e no meu caso não é fácil olhar com atenção pra absolutamente porra nenhuma – fica mais fácil de entender o que precisa ser feito. Não. Não fica mais fácil de fazer. Continua a mesma bosta. Só é mais simples de entender, e de alguma forma isso ajuda a dar o impulso. Mas doer, isso dói igual. Em todo mundo. Até em quem está passando perto.

De qualquer forma, o importante é que a mesma coisa que bloqueia o fluxo de consciência em quem escreve, bloqueia mais uma caralhada sem fim de coisas em quem está na mesma situação. E por mais que o que quer que tenha levado, quem quer que seja, até aquele ponto, não justifica. É o ponto de parar, celebrar o que foi importante, e deixar ir. Pro bem de todo mundo. Porque, na real, tudo passa. Clichê ou não, passa. Bom ou ruim, passa. E no final, por pior que essa frase possa parecer, não tem importância. Pelo menos não quando comparado com o que fica.

Cancelamento

Então… o que somos hoje a não ser uma versão insuportavelmente comedida de nós mesmos em pânico de sermos criticados e julgados por uma série de pessoas sem a menor moral para fazer isso?

Sim. HOJE é um saco. É chato, sem graça. Sem coragem pra ter humor. Tudo ofende todo mundo. Ninguém supera nada ou é capaz de rir de si mesmo. É uma incapacidade emocional sem fim de gente que está sempre pronta pra deixar e chorar em posição fetal. Um vestígio de merda do que já foi a humanidade.

Hoje vi um vídeo de mim mesmo que se fosse publicado geraria um stress sem freio. Sim. Fui completamente sem noção no que eu disse no vídeo. Mas o apavorante é a incapacidade atual de analisar tempo e contexto. Mal consigo entender porque não passam o tempo todo tentando processar a TV Pirata e os Trapalhões.

A verdade é que está tudo cada vez mais frágil. Mais fraco. Mais indefeso. E isso é uma escolha. Preferem ser fracos.

Quando eu era um piá de merda bullying não se chamava bullying. Todo mundo passava por aquela merda e aprendia a sobreviver. NENHUM amigo ou conhecido, por mais absurdos que tenha passado naquela época, se matou ou matou um colégio a tiros. Sobreviveu. E ficou foda. Invariavelmente ficou foda.

Lamento pelo crescimento da incapacidade de superar. O ser humano fica cada vez mais fraco e cada vez mais rápido em achar uma desculpa.

Não crio meus filhos para acharem uma desculpa para serem fracos. Creio para se defenderem. E se defenderem de forma eficiente, mesmo que polêmica. “Não quero que vocês comecem. Mas se alguém começar, podem me trazer os pedaços pra casa que eu resolvo.”

Ensinar uma menina hoje que ela não pode se responder não é apenas irresponsável. É criminoso. Minha filha se defende. Minha filha é foda. E sabe que eu estou ali pra defender o que ela fizer, se for justo.

Eu sou uma pessoa com motivações totalmente questionáveis. O vídeo que deu nome a este post certamente resultaria no meu cancelamento. É uma completa falta de noção da minha parte. Sem filtro e sem coração. Mas havia um contexto na época. E ignorar contexto e tempo de qualquer coisa nada mais é que ignorância. E ignorância invalida qualquer argumento.

Se eu devia ter dito os absurdos que eu disse no tal vídeo? Certo que não. Se eu me diverti dizendo toda aquela merda? Certo que sim.

Essa pseudo-santidade que virou moda nada mais é que uma utopia barata e constrangedora. A pessoa absolutamente responsável e empática não só é de mentira, como é uma chata sem precedentes.

Jamais vou fazer de conta que sou bonzinho. Sou divertido, sou uma boa companhia, sou a pessoa que um amigo pode contar quando tudo desmoronou, mas não sou um livro de autoajuda. Vou esfrega a merda na parede e mostrar que ela não vale a pena. Vou levar a porra toda pra frente. Doa a quem doer. E não vou ter medo de ser cancelado se eu estiver certo. Foda-se.

Minha avó materna, católica apostólica romana me ensinou que minha geração não sabia dizer foda-se. E jamais vou esquecer disso.

Portanto foda-se tudo que é um saco. A gente merece mais que isso. Merecemos mais diversão, mais felicidade e muito, muito mais leveza na porra da vida.

2019

Meu último post foi há quase 4 anos e 7 meses. É tempo pra caralho. Aconteceu uma monstruosidade de coisas desde então. Não apenas comigo, mas com nosso mundinho capenga também.

Nesse meio tempo descobri que minha vontade de compartilhar tudo com todos não é mais presente. Então vou trabalhar nos níveis de acesso do site, conforme comentei há 4 anos. Minha ideia é ser tão cricri que um mesmo post se apresente de maneira completamente diferente para níveis de usuário diferentes.

Isso será baseado única e exclusivamente no que me der na telha. O que eu acho justo e fofinho. Tô sentindo falta de escrever e acho que tá na hora de voltar a postar. Só não sobre política porque sigo teocrata e ninguém me entende ou apóia nisso.

Big Brother Brasil 7 – Em busca de um sentido

Eu nunca consegui assistir um Big Brother inteiro. Esse ano estou acompanhando ele com muito mais facilidade, pelos comentários do pessoal aqui da agência, que acompanha direto, até pelo Terra. Essa semana, na terça, teve paredão de novo. Ao contrário da proposta que o menezes tinha sugerido, não consiste em colocar os participantes contra uma parede e deixar um cego dar um tiro na direção deles, eliminando um dos participantes. Consiste em uma votação através de internet e telefone em dois participantes indicados pelo líder (i.e. sobrevivente de uma prova semi-desumanda) e por uma votação secreta dos outros participantes.

Mas todo esse parágrafo não vem ao caso. O que me interessou foi o fato de terem colocado uma psicóloga para conversar com a mulher indicada para o paredão (Fani, ou Fany, ou Funny… não importa) sobre sua suposta compulsão por sexo. Claro… compulsão por sexo. Ora, que falta de respeito.

Uma criatura fica enfiada numa casa durante mais de um mês, cheia de homem em volta, sem dar pra ninguém e vem tentar me convencer que tem compulsão por sexo? Claro. E depois pra provar que tem vai lá, depois de eliminada, e diz que não vai aceitar o convite pro filme pornõ que “As Brasileirinhas” convidou ela. Quero ver ela dizer isso na cara do Michael Douglas.

Podiam ter feito melhor…

Hoje, dando minha fuçadinha matinal no Terra, me deparo com a seguinte notícia: Casa de Lalau é pichada e atacada com ovos. Nada mais legal do que ver o povo mostrando sua indignação com algum dos filhos da puta nacionais.

Mas podiam ter feito melhor. Sou a favor de um protesto barato e bastante contundente. Certamente a polícia não vai gostar (ok, na verdade vai gostar e vai achar engraçado pra caralho, mas vai ser obrigada a impedir), o que fará com que se tenha que sair correndo, mas ainda assim é um bom protesto, e certamente terá repercussão internacional.

Segue a receita:

– Escolha um político cretino. Sei… que é difícil a escolha, são muitos políticos que mereciam ser empalados por um galho de paineira, mas ainda assim, com tempo e ajuda, faça a escolha;

– Busque o endereço do dito cujo. Não importa se ele não está na moradia no momento do protesto, a receita funciona da mesma maneira;

– Junte um bando de amigos – daqueles de fé – e saia para comer em uma churrascaria ou em um restaurante árabe;

– Guarde o resultado da comilança (sim, isso mesmo que tu tá pensando) em sacos plásticos, acondicionando-os em algum recipiente grande que impeça qualquer desastre caso o saco rasgue;

– Dirija-se, junto com os amigos, trajando roupas que possam ser jogadas fora, até a casa do político escolhido;

– Bombardeie a casa do filho da puta com os sacos contendo o adubo de origem naturall;

– Repita o processo mais algumas noites.

O que mais gosto nessa idéia é a pressão da família. Afinal, já não basta os familiares viverem com o dilema moral de morar com alguém tão sacana, como também, por culpa desse alguém, têm que aguentar a casa tapada de bosta, por mais de um dia seguido. E é assim que se semeia a discórdia na vida do político escolhido, estragando a vida dele.

É um protesto pacífico, e que certamente gerará muitos resultados, no que se trata de noticiários. Principalmente se for filmado e colocado no You Tube.

Bem mais legal que ovos e tinta, né?