Pedra no rim

Provavelmente no direito, se não me falha a memória. Mas ela sempre falha.

Já tô aqui há mais ou menos meia hora e a classificação de risco deu amarela. Provavelmente por eu não estar gritando. Mais ou menos uma hora pra falar com o médico.

Se na outra vez eu estava em casa e não gritei não vai ser em público que vou fazer algo do tipo.

A primeira vez que soube que herdara a habilidade do meu pai de fabricar pedras nos meus rins foi em um exame de algum dos médicos que eu ia e que hoje não me lembro qual foi. Eram duas. Bem grandes. Não iriam me incomodar porque não tinham como passar por um canal do tamanho que estavam.

Esqueci delas, os anos passaram e em uma noite, quando a Olívia ainda não tinha 2 anos, minha pedra tentou acabar com minha dignidade. Sem aviso nenhum, sem sangue na hora de mijar, e se passando por algo que eu achei que era uma monstruosa diarréia. Mas não era.

A dor era monstruosa.

Fica com a Olívia no quarto e não traz ela pra sala que eu vou ficar me retorcendo no chão até passar.

A Ale teve a presença de espírito de ligar pra o SOS Unimed e para o Tiago, meu cunhado na época, que nos deu uma bela força.

A ambulância chegou, os caras me deram umas injeções e falaram pelo telefone com um médico da Unimed. Concluíram que mesmo eu não tendo notado, a pedra já deveria ter saído. Eu estava com vergonha de estar deitado no chão quando os caras chegaram. Eles disseram que eu estava indo muito bem. Na maioria das vezes as pessoas gritavam e até choravam. Sempre fui metido a besta demais pra fazer algo assim.

Na semana seguinte fui a outros médicos, fiz uma ecografia. O médico da ecografia me contou sobre um paciente que tivera tanta dor em uma cólica renal que havia dado com a cabeça na parede e tido traumatismo craniano.

Outro médico me disse que não tinha muito o que fazer.

Mais anos se passaram. Algumas dores. Parou. Mais anos. Esqueci do assunto.

Daí na sexta passada eu achei que estava tendo algum problema intestinal.

Importante dizer que eu havia achado a urina meio rosada durante a semana mas decidido que eu estava viajando.

Pois então. Dor sexta. Madrugada acordado. Dor sábado mas trabalhando bravamente. Dor hoje e a conclusão de que poderia ser pedra e que não dava para arriscar ficar com as crianças de noite se fosse pedra.

Mando mensagem pra Ale. Acabo com a faxina dela. Ela busca os pequenos e leva pra casa dela. Pego carona com minha mãe até o Moinhos de Vento. O Hospital, não o Shopping, pois compras não ajudam muito contra cólica renal.

Já passei pela triagem e estou esperando há tempo suficiente de escrever tudo isso aqui. Provavelmente ainda vai dar pra escrever bem mais.

A dor tá dando sinal de vida de novo agora. Vamos nessa. Mas sem gritar, chorar ou dar com a cabeça na parede.

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