E o terra me larga essa:
Imaginei eu, porque era o que estava escrito, que os médicos ou a família estavam felizes porque a vítima, após ser baleada, finalmente já estava rastejando. Certamente seria uma atitude estranha da família ou do médico, se fosse isso que estava acontecendo.
Mas, embora o barbeiro do português que fez a matéria tenha escrito, não foi o que aconteceu. A mulher foi baleada duas vezes, ensacada, jogada num rio e rastejou DURANTE dois dias, até encontrar ajuda.
Não existe desculpa para um jornalista não conseguir se expressar direito na sua própria língua. Primeiro porque ele fala a porcaria da língua desde que nasceu. Segundo que ele é jornalista e TEM que informar direito. Se a ambigüidade do título é proposital, então ele ainda é um cretino que em vez de fazer o trabalho dele – a saber, informar – usa o título como isca para a pessoa ler a notícia e ficar mais tempo no site.
De qualquer modo, o problema não é apenas no Terra, obviamente. Afinal, existem os geniais reporteres esportivos. Esses sim aprenderam português em traseira da caminhão. Não têm a mais tênue idéia do que é um verbo transitivo, fazem coisas com a língua portuguesa que um motoboy não se arriscaria a fazer com o trânsito. Além disso, não estão familiarizados com o conceito de ética, e apenas o completo despreparo dos assessores de imprensa dos clubes de futebol faz com que alguns reporteres ainda consigam uma entrevista.
Mas meu ponto é que um jornalista tem que conhecer a língua e tem que usar ela direito. Como eu disse há muito tempo para uma atendimento de uma outra agência que trabalhei e que me pediu um logo “mais planetário”: uma palavra, ao contrário de uma música, um filme, um livro ou um quadro, não significa “algo pra ti”, pois ela tem um significado próprio, que está naquele maravilhoso livro totalmente empoeirado ali no canto, chamado dicionário.
Um dia haverá uma promoção que dará aqueles “Aurelhinhos” pra todo mundo que usa o termo “balada”, mas isso é assunto pra outro post.