Dicas Simples Para as Pessoas se Manterem no Seu Lugar

Fui no Open Beco neste sábado. Eu já ando reclamando das festas de Porto Alegre há tempos, mas neste final de semana acabei me lembrando de uma frase que o Diego de Godoy disse há um tempão atrás, quando notamos que as festas estavam ficando mancas: “O problema é que as pessoas que estão vindo são extremamente desinteressantes.”

A causa do problema volta a algo que eu sempre dico e acho até que já escrevi aqui:  somos muito pouco hostís com as pessoas que não deveriam estar em nossas festas. E sim, existem pessoas que não deveriam estar lá. O sentimento de “ah! não é assim!” do portoalegrense é o que faz Porto Alegre ser o lugar mais aniquilador de movimentos culturais do mundo. Vide o Mix Bazar, que era pra ser uma coisa voltada ao público eletrônico, e que em Porto Alegre vende até bijuteria de velha.

Então, para ajudar essas pessoas a entenderem que não são bem vindas, eu farei essa boa ação à vida noturna portoalegrense fazendo uma lista simples de como a pessoa pode saber que ela está culturalmente atrapalhando:

1) Se tu ficou sabendo da festa pela Zero Hora ou pelo Patrola, é porque tu não deveria estar nela mesmo. O grupo RBS é um animal de mau agouro em relação a festas boas, pois faz gente como você (dedo no teu nariz) ficar sabendo de festas que vão estragar quando vocês invadirem;

2) Se tu tem todos os CDs da Beyounce (sei lá como se escreve isso), ou do Eminem, ou adora o Armandinho, então faça-nos o favor de não estragar nossa vida com sua asquerosa presença. Você provavelmente vai estar vestido errado, não conhecerá as músicas, e ocupará um espaço desnecessário na pista de dança;

3) Se tu conheceu Franz Ferdinand ou Coldplay natrilha da novela, e ainda por cima acha super legal que o Papas da Língua vão abrir pro Coldplay, o seu lugar é em casa vendo Zorra Total;

4) Se antes de invadir nossas festas tu combinou de encontrar o resto das patricinhas e mauricinhos no postinho, por favor, permaneça lá. Se possível, beba gasolina e morra;

5) Se tu achar uma baita idéia botar um vestidinho por cima de um legging, dirija-se ao Dado Bier mais próximo;

6) Camisa social e calça branca são sim uma boa opção…  para ficar em casa;

7) Se tu não ficou puto dos cornos quando viu a fila na frente do local, é porque não deveria ter vindo. Inclusive, só tem fila porque pessoas como tu vieram invadir nossa festa. Portanto vai embora e leva a fila contigo;

8) Se tu levar um esbarrão de alguém e teu cérebro peristáltico costuma responder com: “qual é meu?” ou “vai encarar?” vá pra casa abraçar os outros caras da tua turma de Jiu-Jitsu. Talvez bebados as lutas de vocês levem mais tempo e os deixem mais satisfeitos;

9) Se tu ignorou todas as dicas acima, foi na festa, e viu que não conhece nenhuma música, pare de forçar a barra e não apareça mais.

Acho que é isso. Até porque eu também sou portoalegrense e não quero ficar mais ofensivo do que já estou.  Quanto ao pessoal que deveria mesmo estar na festa, por favor, seja hostil com quem não é bem vindo. Fale na cara dele. Ria dele. O ser humano só se comporta como deve através de violência, ou quando se sente um idiota. Portanto…

7 comentários em “Dicas Simples Para as Pessoas se Manterem no Seu Lugar”

  1. Vc não acha que ficar falando de pessoas erradas nas festas certas se tornou démodé? Não é o Diego de Godoy o dono da frase: “criticar o Caetano Veloso se tornou uncool”??
    sei lá cara, não saio muito, mas acharia mais interessante tu abordar o direito de ir e vir das pessoas. Certa vez eu reclamei para uma amiga que as festas de música eletronica estavam umas bostas. E ela veio com uma:

    “será pq gente forte e saudavel, que não acha legal ser gordo ou ser estranho começou a invadir o terreno dos “do contra”? acredito que se vc se sente bem consigo mesmo qualquer biboca fica legal. eu sei que gente burra é foda, mas parece que essa piruada que fica reclamando que as festas esta com gente desinteressante é pura desculpa de feioso que não tem mais os gordos bebados para agarrar e levar pra casa para uma fudidinha de canto. Na real odeio gente bombada, mas eu daria um dedo para me agarrar com um bombado, só por uma noite, ou duas, ou mais. e tenho certeza que os meninos dariam um braço para andar de mão dada com essas patricinhas fantasiadas de eletro-punk que circulam por aí”

    isso ela me falou por um mail, depois disso eu não respondi e comecei a jogar videogame. só parei de jogar para ler este teu post.
    agora me dá licença que eu to tomando um ferro pro barcelona e já é 20 do segundo.
    um abraço

  2. Não. Acho que demodê é deixar de criticar aquilo que nos incomoda. Abordar o direito de ir e vir das pessoas seria falso. Eu não me importo com o direito de ir e vir dessas pessoas. Bem… com o de ir… ok. Podem ir. Pra longe.

    Eu jamais supus que alguém naquela festa não fosse querer pegar uma das patricinhas. Eu é que me sentiria meio abobado de estar com alguém que canta strokes balançando a mão como se fosse o Eminen.

    Sim, eu sei que as pessoas tem direito de irem onde quiserem, mas se eu entendesse isso direito, eu acharia democracia uma boa idéia.

    Quanto à frase do Diego, acho que nem todo mundo acerta sempre. O John Lennon casou com a Yoko.

  3. não lembro de ter falado essa frase, mas se falei me orgulho. pq fácil é falar mal do caetano se todos os teus iguais tão fazendo o mesmo. quero ver é ter coragem de DEFENDER o caetano por tudo o que ele fez e por isso não PRECISA mais fazer. é hora de alguém tomar o lugar dele. mas pra isso tem que se apresentar, né? mas o pessoal é blasé demais. 😉
    no mais, não posso discordar mais do que já discordo desse post. eu quero mais é que as patricinhas invadam o beco pra ouvir música boa e conhecer outras possibilidades (não que sejam melhores). E que bom que toca FF na novela. Não era isso que a gente sempre reclamou? q só toca merda em trilha de novela? GUETOS são a morte das culturas. mistura é bom. um puxa o outro. é assim nas melhores cidades do mundo e é por isso q POA é uma jequice.

  4. Não vou dizer que meu problema não é com a invasão, porque é. Se a invasão acarretasse no que tu disse, ou seja, nessas pessoas conhecerem coisas novas, abrirem seus horizontes, mentes e olhos, ok. Eu certamente acharia bom. Mas, como disse um velho furioso no show dos Mutantes: “eles nem sabe o que tá tocando, não importa o que seja já deixa eles se balançando”.
    Mistura é bom quando cria algo novo. Se tu misturar leite com pó de chocolate funciona porque da mistura das duas coisas sai algo diferente e bom. Se tu misturar leite e azeite, fica um langanho, porque nada novo surge e ainda estraga os dois elementos iniciais.

  5. let´s put it this way: vou a um monte de festas sem patricinhas no beco. nada acontece. o pessoal ADORA conferir o confirmado. gosto não se discute mas tem um monte de gente NO BECO que gosta de smiths e anos 80 (que não quer dizer ilariê, quem diz que anos 80 só tem merda só atesta ignorância e ainda parece se orgulhar disso) mas quando eu trouxe o andy rourke a 15 reais preferiu ficar em casa reclamando que não acontece nada em porto alegre. ou guardando dinheiro pra ir numa festa que tem toda semana com os mesmos djs. perderam uma festa absolutamente do caralho. mas reservo o direito do gosto pessoal. mas então o que acontece nessas festas em que eu e tu vamos e nos encontramos? nada. e o que tem os mauricinhos a ver com esse vazio? isso só me parece mostrar que o erro é achar que o problema está nos outros ou fora do nosso círculo. alguém ou é desinteressante ou propõe coisas. ponto. a galera não tá é sabendo ser multiplicadora.

  6. Ah! Mas eu jamais discordaria de ti no ponto que nada mais aconttece nas festas. Não acontece mesmo. Ou acontece e a gente não entende mais. Mas acho difícil.

    Não quero por a culpa desse fato nos mauricinhos, patricinhas e pentelhos em geral. Não pretendia dar a entender isso. Meu ponto era apenas não querer que eles invadam e transformem tudo no que transformaram a Balonê. A Balonê era muito afudê antes, e com o tempo não deu mais pra ir.

    Mas certamente, a preguiça portoalegrense, e o terrível problema dos portoalegrenses de açúcar, que não vão a festas se chover, torna muito frustrante tentar agilizar qualquer espécie de festa aqui.

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