EPTC dando o exemplo

A EPTC é certamente um exemplo de várias coisas:

  • Um exemplo de como as pessoas podem insistir em uma péssima idéia;
  • O exemplo de como não se deve cuidar do trânsito;
  • Um exemplo de má vontade;
  • Um exemplo de péssima conduta no exercício da função

E eu poderia seguir essa lista bem mais longe. Mas não preciso perder meu tempo tentando convencer ninguém sobre o quão equivocada é a existência da EPTC, com exceção talvez dos funcionários deste troço.

Recebi a foto a seguir para postar aqui:

EPTC dando o exemplo

Trata-se de uma viatura da EPTC estacionada sobre uma calçada, sem nenhum funcionário por perto, sem pisca-alerta, e pelo que consta, sem nenhum motivo aparente para estar ali.

Antes de qualquer coisa, resolvi pesquisar para ver se encontrava algum estatuto que desse permissão à EPTC de não seguir as regras que eles têm a responsabilidade de fiscalizar. Afinal, o que não falta na legislação brasileira são leis dando permissão a absurdos sem tamanho, e algo assim não seria surpresa nenhuma.

Não encontrei nada. Mas encontrei uma série de artigos e posts em blog que para minha surpresa* falavam apenas mal desta fracassada instituição. Entre estes posts, estava um do David Coimbra, com o título “Pela Extinção da EPTC”, no qual ele faz a pergunta que qualquer pessoa que já tenha investido alguns minutos de pensamento no assunto faz: não seria muito melhor se o governo destinasse a verba desperdiçada na EPTC para a Brigada Militar? Afinal, é óbvio que os cidadão preferem mais segurança do que mais gente atrapalhando do trânsito.

Tente lembrar de uma situação em que alguém lhe contou um fato em que “a EPTC chegou e resolveu tudo!” Talvez se fosse alguém tentando fugir da polícia, pois então eles poderiam ter chegado, engarrafado todas as ruas em volta e facilitado a fuga. Senão, provavelmente não.

Imaginem que beleza quando finalmente chegar o ano da copa e eles resolverem ajudar a facilitar o trânsito dos carros até os jogos? Vai ter engarrafamento durando até a olimpíada.

E tem mais uma informação interessante. Sabem a “nova” lei que obriga os motoboys a:

  1. Ter mais de 21 anos;
  2. Ter no mínimo 2 anos de carteira de habilitação;
  3. Usar colete preto e verde com faixas reflexivas;
  4. Ter faixas reflexivas vermelhas no baú e no capacete;
  5. Usar placas vermelhas;

Por bem: esta lei foi assinada pelo Fogaça em 2006, só que a EPTC simplesmente nunca se deu o trabalho de seguir a lei e regulamentar a atividade de motoboy. Precisou uma lei federal do ano passado para eles se coçarem.

Não vejo nada que justifique a manutenção desta indústria da multa. Não são uma alternativa melhor que a anterior (trânsito nas mãos da brigada) nem são competentes no exercício de suas funções.

No dia que algum candidato se antenar do número absurdo de votos que irá receber se prometer dar um fim na EPTC, talvez a coisa mude. Até lá, nos resta suportar a interferência deles no trânsito.

E falando em cérebro em desuso…

…temos a impressionante demonstração de despreparo tático e estratégico da polícia brasileira na adminstração totalmente fracassada do caso do sequestro da jovem Eloá Cristina Pimentel. É simplesmente inadmissível a maneira com que a polícia “cuidou” da situação.

A polícia cuidou ao máximo para não ter que matar Linderberg Alves, preferindo negociar o máximo de tempo possível, o que resultou na morte da ex-namorada do sequestrador e em um tiro na cara da amiga da vítima. Belíssimo trabalho.

Começando pelo básico:

– Desde quando o bem estar de alguém que está colocando a vida de duas pessoas em risco deve vir em primeiro lugar?

– Desde quando deixar um refém que foi libertado voltar ao cativeiro é algo que possa se chamar de tática?

– Por que diabos a polícia não invadiu aquele prédio por outros apartamentos, com janelas em pontos-cegos do sequestrator, e apinhou aquilo de escutas?

– Desde quando se negocia com desiquilibrado mental por mais de 24 horas?

– Por que diabos resolveram explodir a porta do apartamento?

O que eu não entendo é por que razão as centenas de alternativas e táticas existentes utilizadas no mundo inteiro nesse tipo de situação não foram aplicadas! Minha visão pessimista do mundo já imaginava que aquilo iria acabar mal, mas eu jamais teria como imaginar uma prova de incompetência tão apavorante quanto a que tivemos o desprazer de presenciar.

No final das contas, mais uma vez a preocupação com o bem estar dos criminosos resulta em dano à sociedade. A ex-namorada está morta, a amiga dela está com a cara demolida e o cara está preso. E logo devem soltar o cretino. A não ser que os presidiários resolvam resolver o problema que a polícia não resolveu e dêem cabo dele. Ainda assim, a única pessoa que teve sucesso nessa empreitada foi o próprio Lindemberg, que conseguiu sua vingança.